SEJAM BEM VINDOS!

Este é um blog para contemplarmos e trocarmos informações sobre o povo cigano!

OColetivo CIGA-NOS!


Um encontro entre pessoas. Teatro, Sombras e Circo: uma identificação com a cultura cigana... Um desejo de contar estórias e desvendar os preconceitos da história. Artistas/pesquisadores com os pés no limiar entre teoria e prática. Artistas que lutam por uma arte colaborativa no processo de criação. Uma troupe intercultural com swing brasileiro, uma maneira mambembe de teatralidade. O teatro performativo como meta, assim somos: CIGA-NOS!


Sintam-se a vontade para dialogar, discutir, enviar informações e artigos a respeito desta etnia que vive no mundo inteiro!

E viva o dia 24 DE MAIO!
Data escolhida para festejar o Povo Cigano no Brasil!

29 de outubro de 2009

Ciganos acampados na Beira-Mar Norte se mudam para aterro da Via Expressa Sul


Grupo teria ocupado o novo local por indicação da Secretaria do Patrimônio da União.


O grupo de ciganos que estava acampado na Avenida Beira-Mar Norte, na Capital, ocupa outro lugar: a Via Expressa Sul, no bairro Saco dos Limões. O local foi sugerido em documento enviado ao Ministério Público Federal (MPF) pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU).

De acordo com moradores das proximidades, o grupo estaria ali, ao lado do terminal de ônibus desativado, desde o final da tarde de sexta-feira. O representante dos ciganos, Kalon Rogério, negou-se a falar sobre a situação.

Ele apenas mostrou um documento enviado pela superintendente do Patrimônio da União em Santa Catarina, Isolde Espíndola, para a Procuradora da República Analúcia Hartmann.

Em um trecho, é possível ler que a área, de domínio da União, era a única que poderia abrigar os ciganos enquanto não houver destinação do terreno, já que há vários pleitos em andamento para aquele lugar.

O terreno abriga duas tendas feitas com lonas. Nelas estão os pertences dos ciganos, como panelas e um carro. Em uma delas, pode-se ver a pilha de cobertores que vendem para garantir o sustento.

A polêmica envolvendo os ciganos começou no dia 20 de setembro, quando a Ponta do Coral, na Beira-Mar Norte foi ocupada pelo grupo de três famílias.

Sem endereço

Nômades, sem local definido para morar, eles estavam instalados no Rio Vermelho, Norte da Ilha, antes de se mudarem para o Centro. A proximidade com escolas e hospitais fez com que as famílias optassem em sair de onde estavam para acampar na Avenida.

Na época, o proprietário da área registrou um boletim de ocorrência e pediu reintegração de posse do local. A Coordenadoria de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial, um órgão da prefeitura, chegou a mandar um documento à associação de pescadores autorizando o fornecimento de água e luz para os ciganos no local. Mas a Secretaria de Urbanismo considerou a permissão ilegal.

Mariana Ortiga | mariana.ortiga@diario.com.brEste endereço de e-mail está sendo protegido de spam, você precisa de Javascript habilitado para vê-lo
Publicado: ClicRBS - Diário Catarinense, em 10/10/2009.

27 de setembro de 2009

Com a palavra Calon Rogério!

"Muitas pessoas pensam que ser cigano é uma religião e cigano não é religião é uma nação dentro de outra nação."
Calon Rogério - Líder dos Ciganos que estão com suas barracas na Ponta do Coral, Beira-Mar de Florianópolis.

"Enquanto a humanidade não regatar sua enorme dívida para com nossos irmãos ciganos, nenhum de nós poderá falar em direitos humanos e cidadania. "
Papa João Paulo II - 1999

25 de setembro de 2009

Uma história de expulsões

Matéria "Diário Catarinense" dia 24/09/09

Cultura nômade tem origem na dificuldade de permanência nos terrenos escolhidos.
Líderes afirmam que maior problema enfrentado pelas comunidades é o preconceito

Sem data, hora e destino certos, para eles, o normal é ser nômade. As expulsões frequentes obrigaram a inserção desse costume à cultura. As crianças estudam em vários colégios durante a vida, e o preconceito, por vezes, tira a liberdade de declarar: eu sou cigano. Estes grupos, que viajam durante boa parte da vida, são cercados de mitos e polêmicas.

As famílias são as unidades básicas das comunidades ciganas. Vão juntas para os locais de acampamentos. Na Ponta do Coral, área central da Capital, onde ciganos se instalaram no domingo, são três famílias, somando nove pessoas, sendo seis adultos.

O tempo que um acampamento ficará montado em um local não segue regras, assim como o local. Conforme o líder do grupo, Kalon Rogério, geralmente são escolhidos terrenos públicos, sem construções e que não estejam sendo utilizados. Antes de montar acampamento, há uma consulta às cartas para avaliar se o local será bom.

As crianças vão às aulas. Elas são transferidas de escola a cada mudança. Os períodos mais longos de permanência são motivados justamente pela necessidade de os filhos estudarem. Em geral, conforme a cigana Rose Mari Carvalho, eles se mudam a cada três ou quatro meses, para que as crianças possam parar em uma escola.

O cuidado com a arrumação do acampamento, com a colocação de lonas para os colchões e o zelo com os filhos são responsabilidades das mulheres. É das mãos delas que saem as costuras, os bordados e os enfeites para os vestidos.

Ontem, quando começou a ventar, no fim da tarde, Célia Galvão, mulher de Rogério, ajudou a reforçar a estrutura para que as lonas não voassem. Filha de ciganos e nascida no Paraná, ela está acostumada com a rotina.

Há uma unanimidade entre os ciganos. O maior problema das comunidades é o preconceito. Célia comenta que são seguidas quando vão fazer compras no mercado. Rogério também afirma que a sociedade os acusa de serem ladrões.

– Tem cigano bom e cigano ruim, assim como tem não-cigano bom e não-cigano ruim – afirma ele.

LILIAN SIMIONI

Cultura cigana
- Sustento – A atividade principal dos ciganos é o comércio. Vendem utensílios domésticos, cobertores, colchas, edredons e toalhas de porta em porta ou na rua. Os ciganos preferem não se identificar como tais enquanto tentam vender. A justificativa, conforme Rogério, é evitar o preconceito. Segundo o cigano José Motta, a prática não é uma regra, mas uma opção recorrente nas comunidades
- Língua – São pelo menos sete idiomas ciganas no mundo, segundo Rogério. Rafael Galvão, de apenas sete anos, já se comunica em português e em kalon
- Leitura de mãos – As mulheres aprendem com mães e avós. Para as ciganas, tudo o que marca a vida da pessoa está escrito nas linhas da mão: as coisas que passaram e como será a vida em relação ao amor, ao dinheiro e à família. O aprendizado da leitura começa cedo. Só pode ler a mão a cigana que tiver o dom. No jogo de cartas elas ficam sabendo se têm o dom. As mulheres do acampamento da Ponta do Coral não vão para a rua procurar clientes, são eles que precisam procurá-las. O custo é de R$ 10
- Leitura de cartas – É uma atividade corriqueira, que os homens também podem exercer. É feita com baralho cigano, e não pode ser para todos os clientes. Somente os “merecedores” é que podem ter as cartas jogadas, segundo Rogério. A consulta das cartas custa R$ 25
- Religião e casamento – Cada família decide a religião que vai seguir. Casamentos, por exemplo, são feitos como os demais, em igrejas. A diferença fica na comemoração. Os padrinhos, tanto do noivo quanto da noiva, ajudam no pagamento das contas. Isto porque a festa não se resume a um dia. Começa, pelo menos, 15 dias antes da data oficial. O colorido dos vestidos e dos enfeites vão para a festa. As danças e o churrasco são indispensáveis nestas ocasiões

Próximo destino das três famílias pode ser Brasília

Matéria do Jornal “Diário Catarinense” – 24/09/09

Ainda sem serviços básicos como água e eletricidade disponíveis, as três famílias ciganas, acampadas na Beira-Mar Norte, na Capital desde domingo, aguardam a infraestrutura mínima para a sobrevivência.

Segundo o líder da comunidade Kalon Rogério, se até a próxima segunda-feira eles não conseguirem as ligações que pediram, irão a Brasília para reclamar o problema.

– Olha como é. Para resolver nosso problema, que é tão pequeno, teremos de ir até Brasília – protesta.

Rogério está ciente de que a empresa do Sul do Estado, dona do terreno, registrou um boletim de ocorrência pelo que considera “invasão” da propriedade. Mas, segundo ele, se houver pedido de reintegração de posse, os ciganos vão recorrer.

– Nossa intenção era ficar só 13 meses por aqui. Mas como compraram briga, a gente só vai sair se tiver para onde ir. Não podem jogar a gente na rua. Temos três crianças na nossa comunidade – completa.

Ação de reintegração de posse deve ser protocolada

Não é só a falta de estrutura que promete dificultar a vida dos ciganos no local. Conforme um dos advogados da empresa, que prefere não se identificar, uma ação de reintegração de posse deve ser protocolada ainda nesta semana para tentar fazer com que as famílias saiam.

Os casos, de acordo com ele, têm o julgamento rápido, e a reintegração sai em uma semana, em média.

Apesar de ter ciência de que os ciganos ficam temporariamente nos terrenos, o advogado da empresa afirmou que o interesse de seus clientes é manter a área “limpa”.

Enquete feita pelo ClickRBS:

Os ciganos têm direito de utilizar áreas particulares para acampar?

24/09/2009

23 de setembro de 2009

CIGANOS NA BEIRA-MAR DE FLORIANÓPOLIS/SC

Optchá!

Algumas notícias sobre a estadia de ciganos aqui em Florianópolis! Leiam e por favor fiquem a vontade para falar sobre o assunto

MATÉRIA SITE UFSC: Ciganos na Beira-Mar

Por Laryssa D'Alama e Nayara D'Alama

Um acampamento cigano montado na avenida Beira-mar Norte em Florianópolis tem chamado a atenção de quem passa no local. O grupo, formado por três famílias, chegou ontem (20/09) na Ponta do Coral e já foi confundido como sendo uma manifestação contra o governo. Os ciganos afirmam que este é um acampamento comum e que não estão no local para fazer reinvidicações, mas não deixam de lutar por igualdade e pelo fim do preconceito.

Os ciganos têm o costume de mudar o lugar de seus acampamentos de tempos em tempos. Antes de virem para a Beira-Mar o grupo estava no bairro do Rio Vermelho. "Já passamos por vários lugares, até para o Paraguai eu já fui", conta Rosemari Carvalho, integrante do grupo. A família, pertencente à etnia Kalon, tem três crianças: Rafael, Tainá e Tainan. Os dois últimos ainda não estão em fase escolar, mas Rafael, de oito anos, sim. "Estivemos um tempo em Blumenau, onde ele adorava a professora. Agora vou tentar matriculá-lo numa escola aqui perto", conta Rosemari.

O acampamento dispõe de equipamentos como fogão, geladeira, televisão e DVD, mas por enquanto não há eletricidade no lugar. O grupo está buscando água na casa de um pescador que mora na região e para se sustentar, eles vendem colchas, cobertores e ervas medicinais adquiridas em São Paulo.

Também está acampado no local Rogério da Silva, líder da comunidade cigana de Florianópolis. Rogério também faz parte da Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas para promover a Igualdade Racial de Florianópolis (COPPIR) e luta pelos direitos ciganos. "Só pelo fato de sermos ciganos há quem ache que estamos fazendo algo de errado. É necessário terminar com essa discriminação. Somos todos brasileiros, não?"

Os ciganos e os direitos

O artigo 5º da Constituição Federal de 1988 afirma: "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza". O inciso XV diz que "é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens". Em 2004, o presidente Luís Inácio Lula da Silva aprovou 29 propostas que beneficiam o povo cigano durante a IX Conferência Nacional de Direitos Humanos, entre elas garantia de respeito, tratamento, direito e solidariedade iguais aos não ciganos, assegurar o respeito à cultura, garantir a inclusão do povo cigano em toda campanha de saúde e educação e às barracas ciganas o mesmo direito de inviolabilidade estabelecido às casas residenciais.

"O governo tem apoiado bastante nosso povo, mas ainda precisamos acabar com o preconceito, que é muito forte". Rogério diz que é permitido entrar no acampamento para falar com os ciganos, mas se algo que denigra a imagem do grupo for divulgado eles têm o direito de pedir indenização e até pedido de desculpas pública.

Em 2006 o presidente estabeleceu que 25 de maio é o Dia Nacional do Cigano.

MATÉRIA JORNAL A NOTÍCIA- 21/09/09 Proprietário de área ocupada por ciganos em Florianópolis pedirá reintegração de posse

Grupo está desde domingo na Ponta do Coral, na Avenida Beira-Mar Norte

O proprietário da área ocupada por ciganos na Avenida Beira-Mar Norte, em Florianópolis, registrou um boletim de ocorrência e elabora o pedido de reintegração de posse do local. O grupo está desde domingo no terreno, que fica na Ponta do Coral.

A Coordenadoria de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial, da prefeitura, chegou a mandar um documento à associação de pescadores autorizando o fornecimento de água e luz para os ciganos. A secretaria de urbanismo afirmou à equipe da RBS TV que a autorização é ilegal.

Há a previsão de construção de um empreendimento internacional, com hotel e píer na área invadida, mas que ainda depende de licenças ambientais.

MATÉRIA A NOTÍCIA 23/09/09 Líder cigano afirma que grupo ficará acampado em Florianópolis até que seja obrigado a sair

Acampamento foi montado no domingo em terreno privado na Baía Norte

O líder do grupo cigano que está acampado na Ponta do Coral, próximo à avenida Beira-Mar Norte, em Florianópolis, Kalon Rogério, afirmou que não deixará o local até que um documento oficial ou autoridade obrigue a saída.

Nove ciganos em três famílias ocuparam o terreno particular na Baía Norte no domingo. Antes, estavam em uma área no Parque Florestal do Rio Vermelho, no Norte da Ilha de Santa Catarina, onde ficaram por um mês.

Segundo Rogério, o grupo deixou o local porque ficava distante de serviços essenciais e de estabelecimentos para comprar comida. O acampamento no terreno da Baía Norte continua sem fornecimento de energia elétrica e água, mas as três crianças do grupo já estão matriculadas em uma escola municipal.

Rogério ainda espera que a prefeitura destine um local com infraestrutura adequada para que os grupos ciganos possam montar acampamento.

Ele entrou em contato com o subsecretário de direitos humanos da Presidência da República, Perly Cipriano, para tentar garantir a manutenção do acampamento. Os advogados dos proprietários do terreno já registraram um boletim de ocorrência sobre a ocupação do terreno.

15 de setembro de 2009

CONTOS CIGANOS

1. A cruz dos ciganos
Conto de amor e ódio entre duas raças que podiam e deviam ter uma coexistência pacífica. Mas a intolerância dos não–ciganos leva os nômades ao desespero e ao eterno ir e vir. Os ciganos consideram a terra como sua pátria por isso não reconhecem fronteiras, nem têm hinos ou bandeiras. São gente do mundo, amam a paz. Merecem nosso respeito. Ele lera coisas difíceis de acreditar contra os ciganos e decidiu investigar, pois duvidava como são Tomé. Assim, integrou-se a um grupo cigano e com ele viveu. Um grande amor aconteceu e grandes dramas se passaram. Correrias, tiroteios, chacinas... O povo-do-caminho sobreviveu? Enfim, houve justiça e como...
2. O último raio de luz
Dolorosa história de um menino cigano e sua amiga não-cigana. Todos somos irmãos e deveria prevalecer o mandamento do Cristo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.
3. O visitante da estrela
Aqui se vê que os ciganos vêm das estrelas. É um conto para jovens onde se dá interessante diálogo entre Deus e um anjo que se recusa ir a Terra. Mas ele tem que obedecer a Deus, para manter o equilíbrio cósmico, então recebe a honra de nascer nômade.
4. Quando os ciganos eram amados
É um conto de muito lirismo, evocando um tempo fantasioso onde os ciganos e não-ciganos podiam conviver em harmonia e respeito. Entretanto, basta um pequeno incidente para que se levantem dúvidas sobre a honradez dos filhos do vento, apesar de favores que eles prestam à comunidade.
5. Dies irae
Relata um trágico incidente ocorrido no Estado de Goiás há cinqüenta anos atrás. Um fazendeiro acreditou que sua filha tinha sido morta ou raptada por ciganos. Daí, enlouquecido e sem considerar o mal que ia fazer pegou seu caminhão e se dirigiu ao acampamento dos ciganos. Passou por cima de tudo e matou velhos, mulheres crianças e animais. Depois se soube que houve um engano a filha não morrera. É uma trágica história onde sobreleva o preconceito milenar contra os caminhantes.
6. Fantasmas
Conto sobrenatural, onde a realidade não é o que parece. Um fazendeiro perseguia sempre ciganos e os matava impiedosamente. Porém, um dia ele teve que ajustar contas com seu passado e, como castigo, foi designado a ir e vir por tempo infindo, do local do crime à fazenda do irmão, sem compreender porque isto acontecia.
7. Parecença
Quando os ciganos chegam, mudam o ambiente. Trazem luz e alegria através das danças pelo malhar das forjas, os negócios, o circo. Não querem o mal de ninguém, mas o destino às vezes tem outros caminhos e coisas dolorosas acontecem, independentes da vontade e da atuação do povo da estrada.
8. Naema
Estranha história de um homem que casou com uma mulher que mais parecia o coisa-ruim. Com pode uma mulher descer tanto? Como pode ser tão fria e traíra? Seja como for este conto nos mostra que o bem, cedo ou tarde triunfa sobre o mal.
9. Por amor a Mikaela
Comovente estória de um amor impossível entre uma cigana e um não-cigano. Mas se amavam tanto que superaram as barreiras da vida e, no além, continuaram a se amar e foram felizes além da vida. 10. Beijo E Beijo não se rendeu... De como os poderosos, nos velhos tempos, tinham direito de vida e morte sobre os outros seres humanos. Estória de amor e vingança de um homem contra o assassino de sua mulher. Nos tempos dos tropeiros, só os nômades conseguiam rivalizar com eles em caminhos tão inacessíveis.
11. Além das águas do Estige
É possível um grande amor superar a própria morte? Quem sabe... Será que ela o amava ou ele se enganou redondamente... “Amor... Engano que na campa finda!”
12. Zero
Ah! Como ele era infeliz... Nada dava certo para ele. Desde a infância fora um ser muito solitário. Na juventude nada melhorou. Ele era um perdedor: infeliz no jogo e no amor. Por que viver assim? Era um zero à esquerda da vida. Decidiu por termo à vida Então foi à beira-mar e sentou-se na escadaria esperando a maré cheia que deveria engolfá-lo. Aconteceu algo muito singular. O que foi?
13. Epopéia cigana
Beijo era um forte mas acima de tudo um grande conquistador. Sua estória contada em prosa, foi adaptada em versos pelo poeta Geraldinho. A dramática aventura do cigano Beijo que a tantos encantou na cidade de Vassouras tornou-se lenda E que lenda!

Texto retirado do site: Ciganos do Brasil


30 de agosto de 2009

Língua e cultura cigana....entrevista com Nicolas Ramanush!

Nicolas Ramanush é Presidente da Embaixada Cigana no Brasil.

17 de agosto de 2009

Influência dos ciganos!

Lendo matérias e artigos sobre o povo cigano, encontrei este que fala um pouquinho sobre a influência dos ciganos na dança! Além de ser interessante é mais uma amostra de que existem muitas pessoas simpatizantes deste povo com esta cultura tão linda.

É muito comum misturar as informações sobre estas culturas. Desde que os ciganos se espalharam pelo mundo, é comum fazer confusões com suas danças nos países pelos quais passaram ao longo do tempo. Já se sabe que os ciganos partiram do norte da Índia há quase 3000 anos e que estão hoje em todos os continentes. Chegaram em duas caravanas na Europa: uma que veio pelo Mediterrâneo passando pelo Egito, e outra que veio contornando toda a Ásia caindo na Espanha por Barcelona. O importante é saber que eles pousaram ali e lá uma parte se estabeleceu encontrando eco na Andaluzia, sul da Espanha e em especial em Granada.
São os conhecidos Calons que também estão presentes em parte do sul da França e em Portugal. Cabe mencionar que o cigano trás de berço o domínio das artes em toda sua plenitude: o canto, a dança, a música, as artes circenses, as artes manuais e as artes divinatórias. É um povo aglutinador e transformador de culturas no sentido de que absorvem e transformam ao seu jeito misturando sua própria cultura a do local por onde passa e praticamente dizendo-se dono dela ao relançá-la novamente. Não é o mérito da questão. Vale mencionar que o cigano aprendeu e misturou as culturas de vários países à sua própria. É aonde vemos tamanha diversidade no seu vestir, na função principal (trabalho) que caracteriza o dá (clã) e na sua dança. A língua é comum, pois a base da fala está em todos os dás(clãs) que é o romani. E “ROM” é a forma ideal de chamar por qualquer cigano.
Precisamos saber de que dá (clã) um cigano pertence para saber que dança ele faz. Por exemplo: uma grega terá características muito próximas da cultura local e, mesmo assim, com particularidades sobre o vestir, comer, falar e comportamento religioso assim como um cigano húngaro que toca violino e suas romis dançam rodopiando suas saias multicoloridas.

O Flamenco é uma arte surgida por um processo de miscigenação e fusão das culturas árabe, judaica, africana, de espanhóis pobres e migrantes além do próprio cigano. Este, por sua vez, é responsável por essa fusão que acontecia na clandestinidade, na marginalidade por serem sempre perseguidos por onde passavam.
O Flamenco é um misto dessas culturas, mas que se deve sua difusão e explosão aos nossos queridos calons espanhóis: os famosos gitanos. De seu lamento e sua explosão alegre e vivaz, surge essa arte que envolve e contagia os povos do mundo; sejam ciganos ou gajões (payos na língua dos gitanos e que significa “não-cigano”). Seu jeito peculiar e único transcende as lógicas da racionalidade e mergulha no âmago da alma humana, comum a toda e qualquer etnia mesmo sabendo que os espanhóis do sul são os mais calientes. Mas as ciganas de lá ainda respeitam o uso do lenço na cabeça apesar de não ligarem tanto. A rosa presa na cabeça fala mais alto quando se quer saber se é ou não casada.
Basicamente calcado em bailes com taconeados e acompanhados pela guitarra, o Flamenco tem toda a sua essência gerada através do cante que é sua raíz. O violão, que nasceu na própria Espanha, veio com o passar do tempo e a dança foi criada pelo cigano espanhol misturando suas danças de herança com algumas danças espanholas da região.
Calé é a língua oficial deste povo que misturou o romanes ao espanhol e ao catalão, em raras exceções com o árabe, dando origem a uma língua espetacular e típica desses ciganos espanhóis.
Confunde-se muito o Flamenco com as outras danças espanholas. Levamos em consideração que a Espanha possui quatro escolas de danças diferentes entre si onde o Flamenco é uma delas. Na sua forma mais pura, não se usa castanholas por estar distante da realidade flamenca e sim os pitos (estalar dos dedos), mas não se proíbe seu uso desde que não interfira na alma flamenca. Inclusive porque a castanhola é uma interferência acadêmica e foi inserida por uma bailarina clássica espanhola que fazia flamenco. A tão famosa La Argentinita. Depois os outros artistas foram incorporando o uso segundo sua vontade assim como outros instrumentos. D
entro da cultura cigana as mulheres não exibem suas pernas por questões culturais. É comum vê-las com muitas saias longas. Porém as ciganas espanholas são as únicas que o fazem durante suas danças enérgicas e pela necessidade de levantá-las para sapatear mesmo usando uma anágua comprida quase do tamanho da saia principal. Existiu uma bailaora (dançarina) chamada La Chunga que dançava descalça nos tablados dos anos 50/60 e que hoje é uma artista plástica que retrata sua cultura. Isso também fez com que os calons fossem visto de forma diferenciada pelos outros grupos ciganos, visto que eles se misturaram com o povo local casando-se algumas vezes com payos (não-cigano).
Existem alguns ritmos como a Zambra e a Alboreá que são exclusivos dos gitanos (cigano espanhol) e que se incorporam ao contexto Flamenco sendo considerados “aflamencados” assim como outras danças espanholas que recebem influências flamencas como as Sevillanas, as Rumbas, Garrotins e as Farrucas que foram recriadas por eles.
Então sabemos que o Flamenco é a dança do Cigano Espanhol. Não se deve confundir com as outras danças espanholas e achar que toda dança espanhola é flamenca; nem tampouco achar que os ciganos de outros países saibam e façam o Flamenco; o que é exclusivo dos calons espanhóis.

Aqui no Brasil quando se fala de dança cigana há uma mistura de elementos e até das próprias vestes. Levamos em consideração que hoje o Brasil é o encontro de todas as raças do mundo e não será abusivo ver que muitos ciganos e admiradores misturam tudo, salvo alguns dás que mantêm sua arte intacta apesar da facilidade de qualquer um se declarar e dizer descendente de ciganos vestindo-se e fazendo uso desta etnia e, muitas das vezes, sob orientação religiosa espiritual; ao qual devemos respeitar muitíssimo mas que não é de bom tom no lado comercial.

Amo esse povo, respeito e admiro sua cultura e sua arte. Tenho consciência de meu lugar e sei que estamos muito próximos. Queria ter nascido cigano, mas como disse uma vez Olga Petrovich numa consulta na praça XV no centro do RJ há muitos anos, “não dá pra ser de novo o que já fomos um dia a não ser que seja necessário ainda cumprir missão no meio de nós. Seguir o caminho é a única herança que se tem seja ele qual for. Você pode ter sido um de nós mas só Dhiel (Deus) e seu filho Kristeskro (Cristo) sabem da verdade.” Eu sou Ricardo Samel, payo, descendentes de turcos mulçumanos que fugiram para Itália (muito antes dos ciganos chegarem a Espanha) por causa da conversão ao catolicismo. Lá a família “El Samelli”, que já havia passado pelo judaísmo virando “Samuel”, converteu-se em “Samello” e “Samela” chegando a América tornando-se “Samuels” e “Samel” onde estamos distribuídos desde o Canadá até os confins deste continente.

Matéria retirada do site: Flamenco y moda!


29 de julho de 2009

Ciganos pelo mundo


A relação entre os vários grupos ainda não é conhecida

Há diversos grupos de ciganos espalhados pelos cinco continentes. Abaixo estão os principais. Muitos falam uma língua próxima, o romani (ou romanês) – com muitas palavras emprestadas de línguas locais. Grupos que vivem no Brasil, por exemplo, dizem: “Vamos pinhá o paim”. Querem dizer: “Vamos beber água” – a estrutura é a do português, mas com palavras em romani. Grupos de viajantes, como artistas circenses, são confundidos com os ciganos por serem nômades.

Erlides

Também conhecidos como yerlii ou arli, os erlides são mais comuns em comunidades localizadas no sudeste da Europa e na Turquia. Muitos deles são muçulmanos ou cristãos ortodoxos. Há ainda pequenos grupos na Palestina, Jordânia e também no Iraque.

Roma

Os rom, ou roma, têm origem não-ibérica e são o grupo mais numeroso. Tanto que possui subgrupos, como os kalderash, matchuara, lovara e tchurara. Podem ser encontrados na Europa (especialmente nos Bálcãs), nos Estados Unidos e no Brasil. “Muita gente confunde os roma com os romenos. Há ciganos romenos, mas nem todo romeno é cigano”, diz o professor David Nemeth.

Gitanos

Chamado também de calon, o grupo é encontrado principalmente na península Ibérica, no norte da África e no sul da França. Na Espanha, os gitanos são associados à música e à dança – o flamenco é considerado de origem gitana. O mais famoso é o grupo francês Gipsy Kings. No Brasil, há uma grande quantidade de grupos calon, que se dedicam ao comércio de carros, mantas e ouro – as mulheres, à leitura da sorte.

Sinti

Os sinti ou manouch também reconhecem uma origem na Índia e praticam o nomadismo. Eles falam a língua sintó e são encontrados principalmente na Alsácia, entre outras regiões da França, na Alemanha e na Itália. Há poucos deles no Brasil, chegados também no século 19.

Romnichal

O grupo mais numeroso na Grã-Bretanha, encontrado nos Estados Unidos e na Austrália, é chamado também de rom’nie. Sua história remonta ao século 16, quando teriam chegado à Inglaterra. Foram expulsos e perseguidos no país ao longo dos séculos, mas ainda são numerosos lá.

Classificação extraída da Revista Aventuras na História - digital!

26 de julho de 2009

Obrigada pelo convite, o blog está mesmo excelente! Contribuirei con mucho gusto! Abração

22 de julho de 2009

Calendário Cigano!


Com o objetivo de divulgar a Cultura Cigana para a sociedade brasileira, foi desenvolvido pela comunidade cigana, com apoio da SID/MinC, o calendário com as datas das celebração ciganas.
Este calendário foi apresentado dia 21/6/2006, na matéria “Calendário Cigano 2006”, publicada pela Comunicação MinC.
Aqui estão os principais eventos e datas comemorativos para a comunidade cigana brasileira:
  • 24 de Maio - Dia Nacional dos Ciganos.
Foi instituído no dia 25 de maio de2006 pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
  • 24 de Maio - Festa Oficial de Santa Sara Kali no Brasil - Parque Garota de Ipanema / Arpoador - RJ.
É uma homenagem à Santa Sara Kali, com vários eventos para estimular a solidariedade e a confraternização entre ospovos. Neste quinto ano de festa foi promovida a 1ª Romaria no Brasil de Santa Sara Kali, sendo que o percurso foi da Rua Francisco Otaviano até a entrada principal do Parque Garota de Ipanema;
  • 12 de Outubro - Dia de Nossa Senhora Aparecida - Padroeira dos Ciganos do Brasil;
  • 23 de Setembro - Dia do Cigano no Paraná (Lei Estadual)
Instituído em 14 de junho de 2000 pelo então Governador do estado do Paraná;
  • 11 a 14 de Julho - Assembléia Nacional da Pastoral dos Nômades - Caxias do Sul / RS.
  • 24 de todos os meses - Corrente de Santa Sara Kali no Brasil -
Corrente de oração a Santa Sara Kali, aberta a todas as etnias e religiões, que ocorre mensalmente, ao dia 24, no Parque Garota de Ipanema, Posto 7, Arpoador, Rio de Janeiro. As orações e celebrações têm início as 16 horas.

  • Dia Nacional do Cigano- 2007
Foi comemorado dia 24 de maio de 2007 o Dia Nacional do Cigano, celebrado pela primeira vez na história do país. A solenidade contou com a presença de 81 ciganos de todos os estados brasileiros, de autoridades do Governo Federal e de representantes de várias entidades.

“ O Brasil é o primeiro país do mundo a ter uma data oficial em homenagem aos ciganos. À exceção do Japão, há representantes da etnia em todos os países do mundo.“É o povo mais globalizado do planeta. Mas do ponto de vista cultural, não econômico. No mundo inteiro comemos a mesma coisas, dançamos e cantamos a mesma música”, acrescentou Iovanovich

Neste dia também foi divulgado: . o 1º Prêmio Culturas Ciganas, no valor total de R$ 200 mil (para 20 projetos que se destacarem na valorização da cultura cigana); . lançado o carimbo e o selo cigano, por parte das Empresas Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT); . anunciada a Cartilha de Direitos da Etnia Cigana; . e entregue o Relatório do Grupo de Trabalho para as Culturas Ciganas (GT).

“Quero tentar algo junto ao Ministério da Cultura. Temos de resgatar a tradição, minha etnia está acabando. Estamos perdendo até a auto-estima; os ciganos se escondem e mudam de casa por medo do preconceito”. O carioca Mio Vacite, 65 anos, também descendente de iugoslavos e líder de um grupo de música típica (*5) “A criação do Dia Nacional dos Ciganos pode ser um “divisor de águas”, abrindo caminho para a superação de problemas como o preconceito e a falta de acesso a políticas públicas” afirma Iovanovich

O Dia Nacional do Cigano foi instituído em 25 de maio de 2006 por meio de decreto assinado pelo presidente que reconheceu a importância da contribuição da etnia cigana no processo de formação da história e da identidade cultural brasileira. A data de 24 de maio é muito importante no calendário cigano: é o dia dedicado à Santa Sara Kali, a padroeira universal dos povos ciganos. No Rio de Janeiro, por exemplo, no Parque Garota de Ipanema, no Arpoador, já é tradicional a festa organizada pela coordenadora da Fundação Santa Sara Kali, a cigana Mirian Stanescon.

Informações retiradas do site: Fatorbrasis

19 de julho de 2009

Prêmio SELO DUPLO!

Ficamos muito felizes com o acolheminto e com o resultado que nosso blog está oferecendo.
Os contatos estão chegando e, a grande festa que em breve acontecerá, já será LINDA só pela energia emanada das pessoas que estão ligadas a nós. Obrigada.

Ganhamos o prémio SELO DUPLO:
Quem nos presenteou foi:
Armazem da Palavra.
Muito Obrigado!

As regrinhas que devem ser seguidas pelos blogs que receberam o Prêmio SELO DUPLO:

1.Exibir a imagem do selo
2. Postar o link do blog que te indicou
3. Indicar 4 blogs de sua preferência
4. Avisar os seus indicados
5. Publicar as regras
6. Conferir se os blogs indicados repassaram o selo e as regras

Eu indico O PRÊMIO SELO DUPLO PARA:

1. IADESCC-BRASIL
2. BALAIO DE LETRAS E SONS
3. EU.VOCÊ.ELA.A MÃE.
4. TENDA CIGANOS DO ORIENTE

17 de julho de 2009

Romanês

Hoje tem Noite de autógrafos do Primeiro Livro sobre Romani no Brasil:


Romany, romani, ou ainda romanês, é o dialecto usado pelos povos rom e sintos, povos nômades geralmente conhecidos pela designação de "ciganos" e que na Europa de Leste e Europa Central são conhecidos por tsigane.
Este dialecto pertence ao ramo indo-ariano proveniente do grupo lingüístico indo-europeu do norte da Índia e do Paquistão, tais como o sânscrito, o prátcrito, o maharate e o punjabi. A moderna antropologia relacionou a língua romani com as línguas punjabi e potohari, faladas no norte do Paquistão.
Algumas palavras em Romanés ("Teavez Bartalo Sasto Vesto Romale")
Palavra = signifícado; Vitsa = qual grupo se refere. • Angrosti = anel
• Bartalo = sorte
• Bartalo = sorte
• Bisigarno = Disputa (Roubada de Par)
• Céni = brinco
• Chucar = bonito
• Civca = fita
• Cris = polícia
• Chakano, Thierain = estrela
• Chavoro = menino pequeno
• Chavo = moço
• Cali = preto
• Diclô = lenço
• Dilabal = cantar
• Fakh = leque
• Idardi = cesta
• Jag = fogo
• Khan = sol
• Khelav = dançar
• Kaku = tio (vitsa: sirbianco, kalderash)
• Khosli = xale
• Korava = colar
• Koro = pulseira
• Idardi Luludi = Cesta de Flores
• Love = dinheiro
• Lolo = vermelho
• Moosh, Dzéno = homem
• Musi = braço
• Nano = tio (vitsa:lovará)
• Nais tuke = obrigada (o)
• Pai, Pani = água
• Pe = ar
• Perno = perna
• Piro = pé
• Pilen = tomar (bebida)
• Porizen = pandeiro
• Prama = jóia
• Piral = andar
• Rholhaives = zangado, nervoso
• Rom = cigano
• Romi = cigana
• Rugo = rosa
• Saráli = saia
• Sato = relógio
• Shei = menina
• Shon = lua
• Shuckar = bonito(a)
• Tan = terra
• Tchecat Korava = testeira
• Tchér = bota
• Tchera = mulher
• Tchuri = adaga
• Tsara = tenda, casa
• Traio = vida
• Vast = mão
• Zumavipe = Desafio (Duelo)

Retirado do site: http://www.culturacigana.com.br/man/cult_romanes.asp

16 de julho de 2009

As Festas Ciganas.


As festas ciganas, famosas em todo o mundo, são, na verdade, rituais, realizados com determinados objetivos, constituindo-se num verdadeiro acontecimento social, unindo grupos próximos e mesmo outros, de locais mais distantes. Incorporam elementos das mais diferentes culturas de povos com os quais os ciganos conviveram. Práticas aparentemente pagãs misturam-se a outras de notado cunho religioso.
Sabe-se, porém, que aos gadjos não é permitido assistir à maioria delas. Os ciganos evitam contar detalhes desses rituais, mas pode-se afirmar que desempenham um papel enorme na união dos grupos e na preservação de valores peculiares desse povo.
Dentre essas festas, uma das mais importantes é a do batismo de uma criança. Dependendo do país onde o grupo estiver de passagem, o ritual será aquele que a religião do local determinar, não importa se católica, evangélica, budista ou muçulmana, apenas para citar algumas.
Para esse povo, o importante é o aspecto prático do batismo, seu objetivo que é o de livrar a criança das garras e tentações do demônio, fortalecendo seu espírito para os embates que passará a travar com os habitantes das trevas.
Alguns ciganos acreditam que se originaram de Adão e de sua primeira mulher, anterior a Eva. Isso faria deles seres sem a mácula do pecado original, o que tiraria toda a necessidade de um batismo, como o da Igreja Católica.
Muitos ciganos, principalmente os mais sábios, descartam essa hipótese, possivelmente mais uma das fantasias surgidas durante a Idade Média, que atribuíam aos ciganos toda a sorte de lendas, com o objetivo de indispô-los com os demais povos. Pode-se afirmar que, para os pais e para o grupo, o batizado de uma criança é motivo de festa, tanto quanto o funeral de uma pessoa.
Um cigano, ao morrer, será louvado em uma séria de festas, pelos seus semelhantes que, ao mesmo tempo, estarão também festejando a vida. Sabem que a morte é certa e que o momento deve ser vivido com intensidade.
Outra festa de grande sentido para eles é a da primavera, com seus ritos de fertilidade, destinados a tornar férteis as mulheres, para que gerem filhos sadios.
Um casamento cigano só é considerado concretizado com o nascimento de um filho. Enquanto isso não ocorre, o casal vive grande aflição, já que a infertilidade traz a conotação de um castigo que tanto pode ser para o casal quanto para o grupo.
Como aspectos dos batizados e das festas fúnebres, esses rituais são proibidos aos gadjos, que pouco ou nenhum conhecimento podem ou devem ter do assunto.
Outra cerimônia que tem, para os ciganos, um significado todo especial é a de um casamento, feito nos moldes tradicionais, diante dos símbolos familiares. Desde há muito tempo, sempre foi proibido aos gadjos, principalmente porque os ciganos se casam apenas entre membros de sua tribo. Depois, segundo as crenças, se um casamento cigano for presenciado por um desconhecido, que não pertença a sua raça, a noiva fatalmente morreria, após transcorrido um ano.
Vale dizer que em poucas e trágicas vezes, quando inadvertidamente um gadjo assistiu a um casamento, a noiva veio a falecer realmente, conforme a superstição. Isso faz com que a cerimônia não seja aberta aos gadjos, mas não impediu que algumas particularidades se tornassem públicas, sendo relatadas em livros, peças teatrais e, modernamente, filmes.
Um casamento nos moldes ciganos caracteriza-se por ser uma cerimônia muito festejada, onde ocorre uma espécie de encenação, simulando um rapto. Depois, a comprovação da virgindade da noiva é feita de forma a não deixar a menor dúvida.
Acontece sempre entre jovens ainda adolescentes, entre treze e quinze anos. O pai do noivo é quem faz todos os arranjos, negociando com o pai da noiva o dote e outras providências.

Texto retirado do Livro: Ciganos, Filhos do Vento. Acessado em 16/07/09

14 de julho de 2009

Ventos de mudança na comunidade cigana


Ciganos: Ventos de mudança na comunidade cigana
Publicado em 13-02-2004
Tema: Notícias
Investigadora detecta novas dinâmicas ao longo de 13 anos de trabalho com vários núcleos familiares. Mulheres e jovens dão sinais de querer alterar a tradição.

Há raparigas ciganas que gostariam de prosseguir os estudos e alguns jovens começam a assumir a opção de não serem feirantes, cortando, assim, com uma tradição ancestral. São sinais de dinâmicas - que nem sempre apresentam uma progressividade linear - no interior das comunidades ciganas , contrariando a visão estática que a sociedade dominante tem sobre esta "minoria endógena".

Depois de 13 anos de estudo, que a levam, actualmente, a partilhar a vida com 150 pessoas, com raízes comuns e residentes num bairro da periferia do Porto, Maria José Casa-Nova acabou por desmontar algumas das ideias preconcebidas a respeito da comunidade cigana. Os ventos de mudança sopram e agitam levemente o seio de uma comunidade tradicionalmente fechada sobre si própria.

Não são alterações radicais ou cortes profundos com a unicidade étnico-cultural que os fez sobreviver, séculos após séculos, em vários países quase sem se aculturarem. São ligeiras nuances na forma de lidar com costumes nunca questionados, como as leis ciganas sobre as mulheres, a vingança ou os rituais de luto.

Ao mesmo tempo que são perceptíveis sintomas de abertura - ou de progresso, no conceito da sociedade maioritária -, registam-se retornos aos valores estruturantes da etnia cigana, segundo a investigadora da Universidade do Minho. A relação dos jovens com a escola é um bom indicador das dinâmicas emergentes. Segundo Maria José Casa-Nova, algumas raparigas expressam vontade de continuar na escola, depois do momento em que os costumes ditam que abandonem os estudos, ou seja, "quando se tornarem mulheres" (primeira menstruação).

Para evitar a saída precoce (antes do 1º Ciclo), algumas arranjam forma de "contornar sem afrontar o poder parental", como reprovar propositadamente, explica. Outros indícios de alguma emancipação feminina face ao poder patriarcal são vestir calças e não usar o cabelo tão comprido como as mulheres mais velhas. O que é curioso, segundo a docente, é que, depois do casamento, desaparecem os sinais exteriores de libertação em relação aos costumes tradicionais.

"Falta saber se, enquanto mães, estas mulheres vão conseguir projectar nos filhos aquilo que não foram capazes de fazer, face ao seu reduzido poder dentro da comunidade", acrescenta. Já os rapazes que queiram prosseguir os estudos não se defrontam com tantos obstáculos. Actualmente, ir além do 2ª Ciclo já é um factor de promoção, tanto dentro como fora da comunidade.

A ideia de sucesso escolar, na perspectiva cigana, é muito diferente da que é veiculada pelo sistema de ensino. Interessa-lhes, sobretudo, aprender a ler, escrever e fazer operações aritméticas simples, para puderem tirar a carta de condução, ter sucesso no negócio e saber falar com os "pailhos". No entanto, há casos de jovens que continuam a estudar além do 6º ano e isso já é valorizado, de acordo com Maria José Casa-Nova, acrescentando que, entre a população alvo do seu trabalho, existe um rapaz a frequentar o 9º ano, o que é raro.

Outra conclusão inovadora a que a investigação a conduziu foi a de que o insucesso das crianças ciganas não se deve a dificuldades de aprendizagem, mas ao elevado grau de absentismo, que impossibilita os professores terem os elementos necessários à avaliação. Prova disso é que, das 129 crianças do universo estudado, só três reprovaram por não terem tido os resultados esperados pela escola.

Leis nem sempre ciumpridas

A lei cigana legitima a vingança dos ofendidos até à quinta geração do elemento que cometeu o crime. Este princípio começa a ser contestado, não de forma aberta, mas nas conversas privadas e na prática de alguns elementos, esclarece Maria José Casa-Nova. "Há quem considere, principalmente entre os mais jovens, que é um exagero que a punição se perpetue por tantas gerações", acrescenta.

As regras do namoro - que proíbam qualquer contacto físico até ao casamento - são também alvo de alguma resistência, embora se notem diferentes tendências dentro da mesma comunidade. Se há pais que até permitem que a filha case com um noivo diferente daquele a que estava prometida, outras há que se pautam por uma rígida visão da lei. O mesmo se passa com os casamentos mistos.

Nalgumas famílias, há vários casos, enquanto outras obstaculizam a sua realização, mas o facto de determinada relação ter sido aceite não implica que outra, em condições semelhantes, seja permitida. Depende sempre do contexto específico e do momento que a comnidade atravessa. Mais pacífico continua a ser o princípio de que as raparigas devem ser virgens até ao casamento, existindo mesmo rituais de verificação da pureza da noiva.

Jornal Notícias

13 de julho de 2009

Santa Sara Kali é a padroeira dos ciganos

Existem diversas lendas a respeito da origem de Santa Sara. Algumas falam que ela seria serva e parteira de Maria, e que Jesus a teria em alta estima por te-lo trazido ao mundo. Outras, que era serva de Maria Madalena. Seu centro de culto é a cidade de Saintes-Maries de la Mer, na França, onde ela teria chegado junto com Maria Jacobina ou Jacobé,irmã de Maria, mãe de Jesus, Maria Salomé, mãe dos apóstolos Tiago e João, Maria Madalena, Marta, Lázaro e Maximinio. Eles treriam sido jogados no mar em um barco sem remos nem provisões, e Sara teria rezado e prometido que se chegassem a salvo em algum lugar ela passaria o resto de seus dias com a cabeça coberta por um lenço. Eles depois disso chegaram a Saintes-Maries, onde algumas lendas dizem, foram amparadas por um grupo de ciganos.
A imagem de Santa Sara fica na cripta da igreja de Saint Michel, onde estariam depositados seus ossos. O epíteto "Kali" significa "a negra", porque sua tez é escura. Seu culto se liga ao culto das Madonas Negras, Fontes variam: se sua canonização consta de 1712, ou se é uma santa regional. Sua festa é celebrada nos dias 24 e 25 de maio, reunindo ciganos de todo o mundo. Sua imagem é coberta de lenços, sendo ela uma protetora da maternidade. Mulheres (Romi) que não conseguem engravidar e mulheres que pedem por um bom parto, ao terem seus pedidos atendidos, depositam aos seus pés um lenço (diklô). Centenas de lenços se acumulam aos seus pés. As pessoas fazem todo tipo de pedido para Santa Sara, por sua fama de atender todos os que depositam verdadeira fé nela. Mas perseguirá os opressores, os racistas, aqueles que vão contra seus protegidos prímevos, que são os ciganos. Santa Sara é a santa dos desesperados, dos ofendidos e dos desamparados.
Informações retiradas do Blog: http://iadesccbrasil.blogspot.com/

ABENÇOE-NOS SEMPRE SANTA SARA!


12 de julho de 2009

Um pouco da família cigana...

Wagon - carro que muitos ciganos adotam a partir de meados do séc. XIX
Do acervo da Universidades de Liverpool
http://sca.lib.liv.ac.uk/collections/gypsy/wagons.htm

A familia constitui a estrutura base de toda e qualquer sociedade. Assim, os ciganos têm em cada familia a esperança e a força de sua continuidade, bem como na união entre elas, formando sempre mais um braço forte, com o prosseguimento da tradição e a perpetuação do povo cigano. Por isso, preserva-se com garras fortes os matrimônios ciganos, que têm rituais próprios, não aprovando o relacionamento extramatrimonial ou mesmo o concubinato. Procuram agir com discrição em público, não se expõem marido e mulher de maneira contrária aos seus hábitos, acreditando que o valor a ser resguardado entre eles deve estar presente na privacidade de cada casal, preservando até mesmo qualquer tipo de comportamento que possa estimular algum comentário desairoso contra seu povo, produto da maledicência humana.
Na sociedade cigana, o homem é o braço forte e representa a liderança geral do clã; contudo, a mulher, embora tenha um espaço diminuido e de importância muito menos favorecida nesse aspecto, é tratada com todo o respeito, levando a ternura. A grande missão da maternidade é de trazer ao povo cigano, pela procriação, a prosperidade e a perpetuação da raça por meio da geração de novas crianças ciganas. É a grande Guardiã Cigana dos costumes, conselheira e responsável pela preservação e continuidade do povo cigano. Deve estar sempre diligente e tratar de suas obrigações caseiras com afinco, com o dever de obediência presente, aprendendo o manuseio das cartas, da leitura das mãos, da borra do café e, principalmente, dançar muito bem, sabendo e conhecendo a realização de toda a ritualística e cerimoniais ciganos, bem como os preceitos que precisam ser seguidos por seu povo, tornando-se uma expert em suas comidas típicas. Todos estes atributos, além de valorizá-la como mulher e colocá-la em situação de dever cumprido para sua comunidade, na medida em que melhor executá-los, traz um valor muito mais acentuado no momento de casar-se, elevando desse modo invariavelmente seu dote, que é pago pelo pai do noivo a seu pai no dia do casamento cigano. Esse dote hoje existe mais de forma simbólica, diante do rigor de antigamente, pago em galby (moeda de ouro).
Texto extraido do livro: CIGANOS ROM ----- UM POVO SEM FRONTEIRAS autor: NELSON PIRES FILHO

11 de julho de 2009

e continua...a história do Povo Cigano...


Depois de vagarem pelas Terras do Oriente, os ciganos invadiram o Ocidente e espalharam-se por todo o mundo. Essa invasão foi uma das únicas na história da humanidade que foi feita sem guerras, dor ou derramamento de sangue. O que não se sabe ainda é se esses eternos viajantes pertenciam a uma casta inferior dentro da hierarquia indiana (os parias) ou de uma casta aristocrática e militar, os orgulhosos (rajputs). Independente de qual fosse seu status, a partir do êxodo pelo Oriente, os ciganos se dedicaram com exclusividade a atividades itinerantes: como ferreiros, domadores, criadores e vendedores de cavalo, saltimbancos, comerciantes de miudeza e o melhor de suas qualidades que era a arte divinatória. Viajavam sempre em grandes carroças coloridas e criaram nomes poéticos para si mesmos.
No primeiro milênio d.C., deixaram o país e se dividiram em dois ramos: o Pechen que atingiu a Europa através da Grécia; e o Beni que chegou até a Síria, o Egito e a Palestina. Existem vários clãs ciganos: o Kalê (da Península Ibérica); o Hoharano (da Turquia); o Matchuaiya (da Iugoslávia); o Moldovan (da Rússia) e o Kalderash (da Romênia). São mais de 15 milhões de ciganos em diferentes pontos da Europa, Ásia, África, América, Austrália e Nova Zelândia. Quase sempre os ciganos eram bem recebidos nos países onde chegavam. Os chefes das tribos apresentavam-se de forma pomposa, como príncipes, duques e condes (títulos, aliás inexistentes entre os ciganos). Diziam-se peregrinos cristãos vindos do Egito e, assim obtinham licença das autoridades locais para se instalarem. Ao contrário do que muitos pensam, o Povo Cigano é que foi perseguido, julgado e expulso ao longo do seu pacífico caminhar. Na Moldávia e na Valáquia (atual Romênia), os ciganos foram escravizados durante trezentos anos; na Albânia e na Grécia pagavam impostos mais altos.
Na Alemanha, crianças ciganas eram tiradas dos pais com a desculpa de que "iriam estudar", enquanto a Polônia, a Dinamarca e a Áustria puniam com severidade quem os acolhesse.
Nos países baixos inúmeros ciganos foram condenados à forca e seus filhos obrigados a assistir à execução dos pais para que assim aprendessem a "lição de moral". Apenas no país de Gales eles tiveram espaço para manter parte das suas tradições e a língua. Os ciganos chegados em Andaluzia no séc. XV vieram do norte da Índia, da região do Sind (atual Paquistão), fugindo das guerras e dos invasores estrangeiros (inclusive de Tamerian, descendente de Gengis Khan) eles encontraram facilidades e estabeleceram-se. Mesmo assim, durante a inquisição católica, vários deles foram expulsos pelos tribunais do Santo Ofício. . As tribos do Sind se mudaram para o Egito e depois para a Checoslováquia, Rússia, Hungria e Polônia, Balcãs e Itália, França e Espanha. Seus nomes se latinizaram (de Sindel para Miguel; de András para André; de Pamuel para Manuel, etc.). O primeiro documento data a entrada dos ciganos na Espanha em 1447. Esse grupo se chamava a si mesmo de "ruma calk" (que significa homem dos tempos) e falavam o Caló (um dialeto indiano oriundo da região do Maharata).
Eles trouxeram a música, a dança, as palmas, as batidas dos pés e o ritmo quente do "flamenco", tanto que essa palavra vem do árabe "felco" (camponês) e "mengu" (fugitivo) e passou a ser sinônimo de "cigano andaluz" à partir do séc. XVIII.
Porém de acordo com a Tradição Cigana, a teoria mais freqüente sobre a origem do Povo Cigano, é que após um período de adaptação neste planeta, os ciganos teriam surgido do interior da Terra e esperam que um dia possam regressar ao seu lar. Existem lendas que falam que os ciganos seriam filhos da primeira mulher de Adão, Lilith, e, portanto, livres do pecado original) e por isso eles não aceitam de modo algum ser empregados dos "gadjé" (não-ciganos) e apegam-se a antigas profissões artesanais que caracterizam suas tribos e são ensinadas desde cedo às crianças.

História do Povo Cigano!


O fato do Povo Cigano não ter, até os dias atuais, uma linguagem escrita, fica quase impossível definir sua verdadeira origem. Portanto, tudo o que se disser a respeito de sua origem está largamente baseado em conjecturas, similaridades ou suposições.
A hipótese mais aceita é que o Povo Cigano teve seu berço na civilização da Índia antiga, num tempo que também se supõe, como muito antigo, talvez dois ou três milênios antes de Cristo. Compara-se o sânscrito, que era escrito e falado na Índia (um dos mais antigos idiomas do mundo), com o idioma falado pelos ciganos e encontraram um sem-número de palavras com o mesmo significado. E assim, os Ciganos são chamados de "povos das estrelas" e dizem que apareceram há mais de 3.000 anos, ao Norte da Índia, na região de Gujaratna localizada margem direita do Rio Send e de onde foram expulsos por invasores árabes. Outros pontos também colaboram para que esta hipótese seja reforçada, como a tez morena comum aos hindus e ciganos, o gosto por roupas vistosas e coloridas, e princípios religiosos como a crença na reencarnação e na existência de um Deus Pai e Absoluto. E com respeito à suas crenças, tanto para os hindus como para os ciganos, a religiosidade é muito forte e norteia muito de seu comportamento, impondo normas e fundamentos importantes, que devem ser respeitados e obedecidos.